
Jovens agricultores considerados como peça-chave na transição agroecológica em Portugal

Jovens agricultores considerados como peça-chave na transição agroecológica em Portugal
23 de outubro de 2025
Olival tradicional: preservar o património agrícola português e garantir o futuro sustentável do azeite

Foto em Unsplash
O olival tradicional é um símbolo da identidade rural portuguesa. Descubra como preservar este património agrícola e garantir um futuro sustentável para o azeite nacional.
O olival tradicional como símbolo da identidade rural portuguesa
O olival tradicional é muito mais do que uma simples forma de produção agrícola — é um património vivo que molda a paisagem, a cultura e a economia rural de Portugal.
De Trás-os-Montes ao Alentejo, este sistema extensivo, composto por oliveiras centenárias e de baixa densidade (entre 100 e 200 árvores por hectare), representa a base da identidade do azeite nacional, amplamente reconhecido pela sua qualidade e autenticidade.
Desta forma, estas plantações, geralmente conduzidas em sequeiro e localizadas em solos pobres ou de difícil mecanização, são geridas com base em práticas sustentáveis, respeitando os ritmos da natureza, onde muitas delas integram ainda a produção extensiva de ovinos autóctones, que contribuem para o controlo natural de infestantes, a limpeza dos terrenos e o enriquecimento do solo com matéria orgânica.
Mais do que azeite: um património ecológico e cultural
A importância do olival tradicional vai muito além da produção de azeite. É um elemento essencial da paisagem rural portuguesa, um habitat natural para aves, insetos e flora nativa, e um repositório genético de variedades autóctones únicas.
Além disto, desempenha um papel crucial na preservação da biodiversidade, na proteção contra a erosão dos solos e no sequestro de carbono, tornando-se um aliado essencial no combate às alterações climáticas.
Contudo, este sistema enfrenta desafios estruturais significativos:
- Baixa rentabilidade e produtividade por hectare;
- Escassez de mão de obra;
- Dificuldade de mecanização;
- Envelhecimento dos produtores;
- Concorrência crescente dos olivais intensivos e super-intensivos.
Neste sentido, enquanto os sistemas modernos apostam em densidades de milhares de plantas por hectare e no uso intensivo de fertilizantes e pesticidas, o olival tradicional mantém um equilíbrio ecológico natural, sendo mais resiliente e sustentável.
Por outro lado, a produção de azeites premium, com certificação biológica ou indicação geográfica protegida (IGP), pode abrir portas a mercados que valorizam a autenticidade e a sustentabilidade deste tipo de olivais.
Outras estratégias passam por:
- Apostar no agroturismo e em atividades de educação ambiental;
- Promover eventos culturais ligados ao olival;
- Melhorar a organização da produção e o escoamento;
- Integrar tecnologia adaptada para aumentar a eficiência;
- Formar novas gerações de agricultores e promover a renovação geracional.
O olival tradicional é, assim, uma peça fundamental na construção de um modelo agrícola mais resiliente, sustentável e identitário, capaz de unir a história rural portuguesa à inovação do futuro.
Fonte: Revista Voz do Campo nº 296 – Artigo de Nuno Rodrigues, Paula Baptista e José Alberto Pereira (CIMO, Instituto Politécnico de Bragança)