O turismo sustentável na Europa é hoje mais do que um ideal, é uma necessidade económica, social e territorial. Os números impressionam: em 2005, a Europa recebia 416 milhões de turistas internacionais. Em 2024, esse número ultrapassou os 747 milhões.

Relativamente a Portugal, o país recebeu 4% a mais de turistas que em 2024, segundo dados da ONU. A atividade é vital para a economia, representando milhares de empregos e receitas expressivas: em 2023, o setor gerou 92 mil milhões de dólares em Espanha, 71 mil milhões em França e 27,5 mil milhões em Portugal.

Apesar disto, o crescimento acelerado tem custos. O turismo sustentável na Europa confronta-se com efeitos colaterais graves, desde congestionamentos urbanos a uma subida acentuada nos preços da habitação. Entre 2015 e 2023, o custo da habitação em Portugal aumentou mais de 100%, em parte devido à pressão do alojamento local e à escassez de oferta. Cidades como Lisboa, Barcelona e Florença veem os seus centros históricos transformados, com impactos diretos no comércio tradicional e na vida dos residentes.

Perante este cenário, várias cidades começaram a implementar restrições: Amesterdão proibiu novos hotéis, Veneza limita a entrada de turistas e Dubrovnik reduziu o número de navios de cruzeiro. A ONU defende que o turismo sustentável na Europa passa por conhecer os limites de capacidade de cada destino e adotar soluções tecnológicas para monitorizar fluxos em tempo real. Políticas públicas como a diversificação da oferta e outros incentivos ao turismo em épocas baixas são cada vez mais importantes para aliviar a pressão em determinados períodos e zonas.

Para as empresas e instituições ligadas ao planeamento urbano, turismo e habitação este é o momento de alinhar crescimento económico com responsabilidade territorial. O turismo sustentável na Europa é uma oportunidade de transformação, desde que integrado numa estratégia consciente, com base em dados, envolvimento das comunidades locais e parcerias com os setores público e privado.

 

Fonte: Euronews