A mobilidade sustentável nas cidades é cada vez mais um dos eixos centrais na construção de sociedades mais eficientes, inclusivas e ambientalmente responsáveis. Neste contexto, Sofia Taborda, especialista em inovação e mobilidade, foi a convidada do mais recente episódio do podcast ECO Auto, iniciativa do ECO em parceria com o Mundo Automóvel. Com formação em engenharia do ambiente e engenharia e gestão de tecnologia, Taborda partilhou a sua visão sobre os caminhos que podem acelerar a transição para um sistema de mobilidade mais eficiente e sustentável.

Com um percurso que passa pela Academia, consultadoria e pelo Future Cities Catapult em Londres — centro de inovação em cidades inteligentes —, Sofia Taborda identifica múltiplas frentes de atuação. Entre elas, destaca a necessidade de facilitar a transferência do automóvel para transportes alternativos, melhorar o carregamento urbano, aumentar as redes cicláveis e implementar medidas restritivas como a redução da capacidade de estacionamento.

A mobilidade sustentável nas cidades não se resume, no entanto, à infraestrutura. A especialista sublinha a urgência de reduzir desigualdades no acesso à mobilidade, especialmente em regiões marcadas pelo despovoamento e pelo envelhecimento da população. Em Portugal, com uma pirâmide etária invertida, uma em cada cinco pessoas reporta dificuldades de mobilidade. Por isso, qualquer solução deve ser pensada em articulação direta com as necessidades reais da população.

Na comparação com outros países europeus, Sofia Taborda nota diferenças estruturais e culturais que afetam diretamente a forma como a mobilidade é pensada e implementada. As zonas metropolitanas apresentam dinâmicas distintas das regiões interiores ou rurais, obrigando à criação de políticas diferenciadas. Em zonas despovoadas, por exemplo, a solução passa por sistemas mais flexíveis, adaptados ao perfil real dos utilizadores.

Um dos entraves à evolução da mobilidade sustentável nas cidades em Portugal, segundo Taborda, é a tendência para decisões definitivas sem mecanismos de correção. Isso dificulta o desenvolvimento contínuo de soluções adaptadas. A inovação, diz, pode ser incremental — como no caso da modernização dos sistemas de bilhética, que já se traduzem em maior comodidade, rapidez e redução de custos, fatores que influenciam positivamente as escolhas de mobilidade dos cidadãos.

Ao defender uma abordagem inclusiva, colaborativa e tecnicamente sustentada, Sofia Taborda reforça que o futuro das cidades está intrinsecamente ligado à forma como gerimos a mobilidade. E que a inovação será sempre uma aliada fundamental.

 

Fonte:

Excerto original sobre o podcast ECO Auto – com Sofia Taborda