Nos últimos anos, tem-se verificado uma mudança estrutural e silenciosa: viver no campo em Portugal deixou de ser apenas um ideal romântico para se tornar uma realidade concreta para milhares de portugueses. Movidos por razões económicas, vontade de fugir ao stress urbano ou por uma busca por maior equilíbrio e contacto com a natureza, muitos estão a trocar a cidade pelo meio rural.

A pandemia veio acelerar esta tendência, potenciando o teletrabalho e revelando as fragilidades da vida urbana - preços elevados, falta de espaço e excesso de estímulos. 

Neste sentido, jovens, famílias com filhos e profissionais altamente qualificados estão a redescobrir as vantagens de viver fora dos grandes centros.

Para trabalhadores remotos, o campo oferece benefícios claros: custo de vida mais acessível, proximidade com a natureza, comunidades coesas e maior qualidade de vida. Estes novos residentes contribuem ativamente para a revitalização económica e social de vilas e aldeias.

No entanto, o movimento não está isento de desafios. O acesso à habitação continua a ser um entrave em algumas regiões, seja pela escassez de imóveis disponíveis ou pelos custos associados à reabilitação. Ainda assim, com análise cuidada e planeamento, a transição para o campo é cada vez mais viável.

Desta forma, a chamada “nova ruralidade” mostra-nos que viver no campo já não significa isolamento. Com melhores infraestruturas, internet de qualidade e acesso a serviços, o mundo rural está mais preparado do que nunca para receber quem procura uma vida mais sustentável, próxima da terra e com tempo para o essencial.

Fonte: Revista Voz do Campo