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20 de novembro de 2023
Turismo regenerativo e combate ao desperdício alimentar no interior
Foto em Unsplash
Existem alguns projetos sustentáveis no interior do país, tais como uma unidade de turismo regenerativo e uma iniciativa de combate ao desperdício alimentar.
No interior de Portugal, a inovação alia-se ao território e ao desenvolvimento de ideias de negócio.
Exemplo disso é uma quinta de oito hectares na aldeia de Travancinha, Chão do Rio, com vista para a Serra da Estrela, no município de Seia, distrito da Guarda.
Neste território ancestral, a vegetação é rochosa e no projeto turístico desenvolvido pelo casal Catarina e Rodolfo, o respeito pelos valores naturais da região é o mote.
Catarina Vieira explica à agência Lusa que “a nossa grande preocupação foi a de não agredir o que tínhamos aqui, e, pelo contrário, procurar que o nosso projeto ajudasse a tornar o espaço um bocadinho melhor. Hoje, fala-se muito em turismo regenerativo e a lógica é um bocadinho essa”.
Deste modo, o Chão do Rio tem como objetivo ser “mais do que uma unidade de alojamento”, tornando-se num espaço que “permita às pessoas sentir o território, sentir uma vivência mais ligada à cultura pastoril, que é uma cultura que tem muito para ensinar, essencialmente como viver em ligação e em harmonia com a natureza”.
Outro aspeto importante relativamente ao Chão do Rio em termos de conservação é o facto de que “não existem jardins, não temos um jardim que foi criado para ser bonito. Temos um prado, já cá estava, mantém-se, e as pessoas andam à vontade. Não é uma unidade que tenha um conceito mais sofisticado, não queremos nada disso. Aqui o que nos importa é que as pessoas se sintam bem naturalmente, é um conceito extremamente simples”.
Por outro lado, existe uma horta, um bosque e um galinheiro, tudo isto pensado no turismo regenerativo, existindo a possibilidade de, não só “trabalhar” na horta como também, a quem chega, é entregue um pequeno balde azul, no qual adultos e crianças podem recolher restos de preparação de comida e, com eles, alimentar os animais da quinta, o burro Luar e as ovelhas Mel e Amora.
Além de tudo isto, existe também uma piscina biológica, onde os banhistas podem coexistir com aves, plantas e pequenos animais anfíbios.
“O que pretendemos, mais uma vez, é melhorar, não agredir. Uma piscina biológica é um centro de biodiversidade, para além de ser um espaço onde podemos tomar banho. Também tem o seu papel no ecossistema”, advogou Catarina Vieira.
“Não são mais do que uma homenagem à tal cultura pastoril e, também aí, temos o conceito da economia circular. Numa zona de perigosidade de incêndio, usamos giestas para decorar os telhados e também fomentar o isolamento térmico das casas. Vamos aos campos, colhemos as giestas e, assim, limpamos os terrenos, até porque os telhados têm de ser mudados periodicamente”, explicou.
Relativamente ao combate do desperdício alimentar, em Castelo Branco, o centro comercial Fórum juntou-se à empresa de entregas Xico’s com o intuito de combater o desperdício alimentar em restaurantes, propondo fazer chegar ao domicílio dos clientes refeições e produtos alimentares que, de outra forma, ficariam por vender.
De acordo com Nuno Costa, diretor do Fórum Castelo Branco, “este desafio nasceu de uma preocupação interna relativamente ao desperdício alimentar, em particular ao final do dia”.
Esta ideia teve o objetivo de que os colaboradores e lojistas, muitos que apresentam funções a horas tardias, pudessem aceder a sobras dos restaurantes ali localizados. Como o Fórum não possui uma solução tecnológica e de faturação para o fazer, encontrou na Xico’s o parceiro ideal.
Este projeto será lançado no próximo mês de dezembro, e arranca com cinco restaurantes do Fórum.
“O que vamos fazer é um projeto que combata o desperdício alimentar, através de vendas, a preços muito mais acessíveis do que os valores originais dos produtos, mas com qualidade de final de dia. O cliente tanto pode fazer a compra para recolha no restaurante, como para entrega ao domicílio, que é uma das vantagens que temos em relação a outros serviços que existem”, explicou João Rodolfo, gerente da Xico’s.
À disposição dos interessados estarão propostas diversas, todas resultantes de sobras: “O cliente, se encomenda, é porque o produto foi disponibilizado e existe, e poderá escolher entre gamas diferentes, com preços diferentes”, indicou.
Denominado “Indatábom”, o projeto propõe “produtos totalmente aleatórios, disponibilizados numa caixa 100% surpresa, que terá um preço extremamente reduzido”, uma caixa com indicação do que contém, também a preço módico, mas mais elevado do que a anterior, ou acompanhamentos, sopas e sobremesas.
Fonte: Agroportal