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19 de julho de 2024
Três florestas europeias emitem mais gases poluentes do que absorvem, incluindo uma em Portugal

Foto em Unsplash
Estudo revela que região centro de Portugal está entre as florestas emissoras de gases poluentes na Europa.
Os gases poluentes são emitidos por algumas florestas europeias, mais propriamente em três florestas europeias onde os gases são mais emitidos do que absorvidos.
A absorção de carbono e outros gases de efeito de estufa é uma das mais essenciais funções de uma floresta. Mas nos últimos 20 anos três grandes áreas da floresta europeia falharam nesse papel: emitiram mais gases do que absorveram. A região centro, em Portugal, é uma das áreas com balanço negativo, acompanhada dos bosques de Les Landes em França e da floresta do Harz na Alemanha. Numa investigação apoiada pelo Journalismfund.eu, três jornalistas europeus lançam-se na pista do carbono para responder à pergunta: o que torna uma floresta emissora de gases de efeito de estufa?
Em 2018, no rescaldo dos catastróficos incêndios do ano anterior na região centro, os autores do livro Portugal em Chamas perguntavam se a floresta portuguesa era, de facto uma floresta: “Quando uma área florestal não ajuda a conservar solos, a reciclar nutrientes e a armazenar água, [...] quando não armazena carbono durante longos períodos de tempo, nas folhas e troncos, nos solos, raízes e microrganismos, podemos chamar-lhe floresta?”
A pergunta provocatória e as duras críticas ao livro revelam as divisões profundas que o debate sobre a gestão da floresta gera em Portugal. Mas não é só aqui que isso acontece. Em 2021, a União Europeia preparava uma nova estratégia para as florestas, num debate muitas vezes aceso na Comissão, no Parlamento e entre os parceiros sociais. Na altura, os proprietários e gestores florestais europeus, representados por várias associações do setor, expressaram a sua preocupação, dizendo que a estratégia para as florestas não tinha em conta a realidade no terreno.
A condição das florestas da Europa tem vindo a deteriorar-se, como a própria UE concluiu num estudo de 2020. A estratégia para 2021-2030, que tem por base o Pacto Ecológico Europeu, tem como objetivos melhorar a quantidade e qualidade das florestas europeias e torná-las resilientes face à “incerteza das mudanças climáticas”. Aqui, conta a neutralidade carbónica que Bruxelas planeia atingir em 2050 e a ambiciosa redução das emissões de gases de efeito de estufa (GEE) em pelo menos 55% até 2030.
Com a redução dos GEE na mira da Europa, é justo perguntar-nos o que nos trouxe até aqui. Vários fatores explicam o balanço das emissões e os incêndios são geralmente responsáveis por picos substanciais. Não só mais frequentes e destruidores, os fogos florestais já não são um problema circunscrito aos Verões quentes e secos do Sul da Europa: “É evidente que hoje, com as alterações climáticas, nós vemos incêndios onde era absolutamente impensável existirem, na Alemanha e até mais acima”, alerta o investigador e professor da Universidade de Aveiro Miguel Viegas.
Nesta investigação apresentam-se os casos mais graves e associam gestão florestal a emissões, para explicar porque é que algumas florestas passaram de sumidouros de carbono a emissores de carbono. Quando olhamos para estas três florestas da Europa ocidental, há um elemento comum: a monocultura intensiva.
Em Portugal, o eucalipto, matéria-prima essencial para a indústria da pasta de papel, é há muito o centro de um intenso debate público. Em França e na Alemanha, os pinheiros-bravos de Les Landes e os abetos do Harz também geram discussão. Não há dúvidas de que a monocultura florestal tem impactos ambientais negativos, desde logo porque reduz a biodiversidade. Como em tudo, há quem discorde de que esses impactos sejam significativos. Aqui, a questão divide-se entre interesses ambientais e interesses económicos e os equilíbrios possíveis entre eles.
Fonte: Público