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03 de maio de 2024

Proteção de corais: Portugal lidera projetos no Mediterrâneo

Foto em Unsplash

Portugal vai liderar dois projetos para a proteção de corais no mar Mediterrâneo, para conservar e restaurar jardins de corais afetados pelas ondas de calor nesta zona.

Um cientista do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (Ciimar), Jean-Baptiste Ledoux, em Matosinhos, conseguiu financiamento para dois projetos de conservação e restauro de jardins de corais afetados pelas ondas de calor na zona do Mediterrâneo.

Deste modo, o Ciimar irá liderar dois novos projetos de conservação e restauro de corais, sendo que, de acordo com Jean-Baptiste Ledoux, foi “inesperado, fiquei muito feliz”, que recebeu na mesma semana a notícia dos dois financiamentos.

Os projetos são focados em espécies diferentes, mais propriamente o coral-vermelho e gorgónia-camaleão, porém pretendem atingir o mesmo objetivo: usar a genética populacional para proteger corais em áreas protegidas específicas do mar Mediterrâneo, não só na região de Marselha (França), como também na Catalunha (Espanha). Neste sentido, a bacia mediterrânica está particularmente ameaçada pela crise climática, pelo facto de abrigar diversos jardins de corais sensíveis a temperaturas altas e, simultaneamente, encontra-se a aquecer mais rapidamente do que outras regiões oceânicas.

Jean-Baptiste Ledoux, explica ao Público, que a genética e a genómica da biodiversidade não eram áreas científicas muito consideradas nas políticas de conservação e restauro, facto que se alterou, com a conquista dos financiamentos que, segundo refere, totalizam cerca de 120 mil euros.

Os projetos apresentam objetivos que são duplos, complementando-se entre si, na medida em que os cientistas pretendem identificar as zonas com maior diversidade genética que irão conseguir responder melhor aos desafios da crise climática - seja o aumento das temperaturas ou outro tipo de pressão ambiental. Por outro lado, a equipa ambiciona identificar nas comunidades coralinas fatores genéticos que conferem a certos indivíduos uma maior tolerância ao calor.

“Temos de escolher as populações que vamos conservar ou não. Vamos ajudar nessa escolha, temos de criar prioridades dentro das áreas marinhas protegidas”, afirma Jean-Baptiste, salientando que populações que são geneticamente mais diversas apresentam uma maior capacidade para resistir às alterações climáticas.

A Comissão Geral das Pescas do Mediterrâneo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apoia o projeto, pelo facto de a agência internacional estar a trabalhar simultaneamente na avaliação dos recursos existentes de coral-vermelho.

Os dois projetos coordenados pelo Ciimar – nos quais estão envolvidos investigadores de outras entidades, incluindo a Universidade de Barcelona e o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve – abrem caminho para a recuperação de jardins de corais no Mediterrâneo, mas as expectativas de recobro da biodiversidade devem ser moderadas.

“Será muito difícil voltar ao estado de biodiversidade original, como era há 100 anos. Agora, ao nível local, tenho a esperança de que podemos fazer muitas coisas em áreas protegidas. É isto o que vamos tentar fazer com estes projectos: trabalhamos com áreas marinhas protegidas em Marselha (França) e na Catalunha (Espanha) e aqui, sim, vamos tentar colocar toda a nossa energia para desenvolver medidas de conservação baseadas na genómica para tentar conservar estas espécies nestas zonas”, promete o investigador francês.

 

Fonte: Público