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19 de fevereiro de 2024

Pastoreio na Vinha – Uma escolha sustentável e desejável

O pastoreio na vinha introduz a componente animal em explorações regenerativas ou biodinâmicas, sendo esta uma escolha sustentável e desejável.

Segundo um produtor de vinho biológico na Região Demarcada do Douro, é relevante a utilização da componente animal em explorações regenerativas, mesmo que não seja obrigatório na produção biológica.

“Sou produtor de vinho biológico (....) em duas áreas distintas com cerca de um hectare cada. uma com 32 anos, sistematizada em patamares situada no meio do vale do Rio Pinhão, certificada pelo método de produção biológica desde 2016, a Vinha da Fonte. A outra em altitude, a Vinha do Borrajo, próxima ao limite da região, mais jovem, com 8 anos e certificada desde 2021. A mais antiga possui certificação há oito anos”.

Deste modo, o produtor acredita que existem diversas vantagens evidentes da integração animal, na medida em que os mesmos existem naturalmente na exploração e contribuem para uma visão integral da produção, incentivando a sustentabilidade económica, social e ambiental.

Apesar de trazer vantagens, existe um desafio para quem não tem e quer possuir animais na exploração: encontrar quem os tenha. Quando a exploração se encontra no meio de um vale no Douro, a distância habitual dos rebanhos torna a tarefa mais complexa. 

Após dois anos de procura, o produtor de vinho conseguiu “incorporar o pastoreio, mas na vinha junto a zonas de pastagem e portanto, no limite da região demarcada”. Apesar disso, existiram alguns desafios pelo facto de ser um prestador de serviços externos em atividades de pequena dimensão.

A introdução do rebanho ocorreu durante o repouso vegetativo da videira e antes da operação de poda, que proporcionou uma vantagem prática notória, a facilidade de a realizar com a vegetação mais baixa, o que não apenas beneficia o podador, mas também quem remove a lenha resultante.

Neste sentido, o enrelvamento é preservado por existir uma estratégia que não tritura a lenha diretamente na parcela, mas sim nos caminhos de serviço, onde se incorpora na mistura de compostagem juntamente com outros resíduos da exploração.

Por sua vez, no inverno, algumas ervas apresentam um desenvolvimento mais pronunciado do que outras, dependendo do seu ciclo e da resposta à disponibilidade de água e temperaturas no outono. Aqui, o pastoreio entra para regular estes crescimentos, estimulando em alguns casos uma resposta mais vigorosa por parte das raízes para a recomposição da vegetação e a formação de um enrelvamento mais amplo e robusto.

Deste modo, o que ocorreu com este produtor em particular foi o facto de 60 ovelhas terem percorrido quase um hectare ao longo de 4 dias, deixando urina e fezes que irão enriquecer o solo com fertilização orgânica, aumentando a matéria orgânica para melhorar a estrutura do solo e intensificar a atividade microbiana, que irão contribuir para a decomposição da matéria orgânica e fortalecendo o ciclo de nutrientes e estimulando a vida de organismos que promovem descompactação, arejamento e decomposição da matéria orgânica.

Por outro lado, a saliva deixada pelas ovelhas na vegetação e no solo contém enzimas e microrganismo que auxiliam na decomposição, sais minerais como potássio e sódio, fundamentais para o crescimento das plantas.

 

Fonte: Revista do Campo, edição de fevereiro