De modo a definir estratégias para uma economia mais sustentável, compreende-se que o setor agrícola tem uma grande capacidade para assumir um papel de destaque pois apresenta conhecimento e oportunidades, no entanto, é necessário comunicar melhor o trabalho que o setor já efetuou percebendo qual o seu papel.

Além disto, Assunção Cristas, professora da Nova School of Law e sócia responsável pela Plataforma de Serviços Integrados ESG e área do Ambiente na Vieira de Almeida e Associados, na conferência Semear o Futuro, projeto criado pela Mercadona e CAP, afirmou que o setor deve ficar igualmente vigilante para outras boas-práticas na atividade, como a defesa dos direitos laborais.

De acordo com Assunção Cristas, ex-ministra da Agricultura e do Mar, o “setor agrícola muitas vezes é mal compreendido e muitas vezes é maltratado porque quem está de fora não o percebe e quem está dentro não o consegue explicar”.

Por sua vez, em termos de sustentabilidade, este setor apresenta um bom potencial para “pegar nessa agenda e dinamizá-la”, estando já os agricultores a fazê-lo, apesar de que “não o valorizam porque olham para isso como algo normal”.

É necessário que se tire um maior partido de soluções com impacto positivo para o ambiente e para a sua própria atividade, comunicando “melhor o que está a fazer, partilhar bons exemplos”.

Em termos de bons exemplos, Assunção Cristas destaca o impacto positivo da pecuária extensiva para a pegada de carbono, ou de uma utilização cada vez mais eficiente da água. Porém, relativamente a apoios, lembrou que um acesso mais facilitado a comunidades de energia pode ser um incentivo à produção da própria eletricidade, como a disponibilidade de internet em todo o país pode acelerar a adoção de sistemas que comunicam entre si e facilitam uma gestão mais eficiente da atividade.

Ultimamente, os setores agrícola e agroindustrial têm mostrado “uma enorme capacidade de resiliência e inovação”. No presente, novos desafios entram, com os efeitos provocados pelas alterações climáticas, como por exemplo, a elevada produção de azeite que demonstra perfeitamente o modo como a transformação do clima cria desafios, mas ao mesmo tempo, oportunidades. Assim, a sustentabilidade deve estar no centro para apoios cujos governos criam, “ analisando o impacto nas emissões de carbono, os contributos para a biodiversidade e para os vários serviços de ecossistemas”.

Fonte: Jornal de Negócios