Nos dias de hoje, a preocupação com a saúde e com o ambiente torna-se cada vez maior, sendo que a Agricultura Biológica insere-se aqui como uma alternativa ao modelo convencional de agricultura, agindo como compromisso com a sustentabilidade ambiental e a qualidade alimentar.

Mais do que um modo de produção de alimentos, a Agricultura Biológica proporciona uma melhoria dos agroecossistemas através de boas práticas de gestão da exploração agrícola, do uso responsável de energia e dos recursos naturais e da diminuição de fatores de produção externos, em conjunto com a não utilização de adubos e pesticidas químicos de síntese.

Assim sendo, ocorre uma maior preservação da biodiversidade e da qualidade da água, o aumento da fertilidade do solo e a diminuição de emissões de gases com efeito estufa.  Por sua vez, a eficiência produtiva pode também ser aumentada, com o recurso a ferramentas de precisão destinadas a apoiar a tomada de decisão e/ou a implementação de técnicas a nível da fertilização, proteção fitossanitária, controlo de infestantes e rega das culturas.

Além disto, a Agricultura Biológica promove um ótimo padrão de bem-estar animal, onde os mercados locais são prioridade, bem como existe uma estreita ligação entre a tradição, a inovação e a ciência, a fim de fornecer uma boa qualidade de vida aos produtores e consumidores.

Segundo a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, em Portugal, no ano de 2022, existiam 13.573 produtores biológicos, com um aumento significativo de 43,8% face a 2020. Apesar deste aumento, existem inúmeros desafios a enfrentar pela agricultura biológica.

Deste modo, um dos principais desafios é precisamente o facto de o processo de certificação ser moroso e apresentar uma burocracia considerada excessiva e a custos elevados, maioritariamente para agricultores familiares, que representam 94% dos agricultores no país e mais de 90% a nível europeu e mundial.

Outro desafio bastante desafiante são as alterações climáticas, uma vez que as mesmas alteram as dinâmicas produtivas e comprometer os níveis de produtividade, de onde acrescem os custos dos fatores de produção e da mão de obra (cada vez menos disponível e com remunerações tendencialmente crescentes) e a dificuldade de aceder a mercados, a preços justos.

Os preços dos alimentos convencionais, para além de não incluírem custos de certificação, também não incluem os custos decorrentes dos impactos na perda de qualidade dos recursos naturais (solo, água, atmosfera e biodiversidade) e os custos resultantes dos efeitos adversos na saúde dos consumidores.

Uma abordagem justa aos benefícios da agricultura biológica contribuirá para o seu crescimento, e oferecerá maior garantia de alimentar o mundo no futuro. O sucesso da evolução da Agricultura Biológica é precisamente o conhecimento, através não só da investigação e inovação, como também da sua transferência para os seus utilizadores. 

Fonte: Revista Voz do Campo, edição de abril 2024