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14 de março de 2024

Agricultores: Novo governo, novos desafios e exigências

Foto em Unsplash

Este artigo de opinião explora o tema do novo governo, novos desafios e exigências, face aos agricultores e ao setor agroalimentar.. A autora do mesmo é Marisa Costa, Vice-presidente da APROLEP.

De acordo com Marisa Costa, o “país precisa de pessoas preparadas, conhecedoras das matérias dos seus ministérios e com a humildade suficiente de se deslocar ao terreno ouvir quem sabe para tomar decisões ajustadas às reais necessidades do país e colocar em práticas políticas realistas”.

As dificuldades passadas pelos agricultores nos últimos anos apresentaram diversas exigências ligadas a uma comunicação insuficiente e desadequada. Por sua vez, através do pacto ecológico Europeu, a Comissão Europeia adotou diversas propostas de forma a adequar as políticas da UE relativamente ao clima, à energia, aos transportes e à fiscalidade com o objetivo de reduzir as emissões líquidas de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55% até 2030. 

Neste sentido, o objetivo principal é tornar a Europa no primeiro continente neutro em termos de clima até 2050, integrando um pacote de medidas desafiante que irá permitir que os cidadãos e as empresas europeias beneficiem de uma transição ecológica sustentável.

Segundo a autora, “se por um lado obter a neutralidade carbónica em tão pouco tempo é um objetivo ambicioso, por outro não há progresso e desenvolvimento sem racionalidade económica das explorações. A sustentabilidade é tridimensional: ambiental, económica e social. A produção de alimentos tem que se basear em culturas, animais, tecnologias de produção e práticas agrícolas que sejam capazes de contribuir para a descarbonização da economia, para uma gestão mais sustentável dos recursos naturais, mais eficientes fatores de produção, para promover a biodiversidade e as paisagens agrícolas”.

Posto isto, compreende-se que existem inúmeros desafios da agricultura, sendo a questão ambiental apenas um deles, na medida em que 52% dos empresários do setor agrícola tem mais de 65 anos e nos próximos 25 anos teremos os mesmos solos para alimentar mais 20% da população. Juntamente com estes fatores, o facto de não existir uma mão de obra qualificada torna-se progressivamente num maior desafio.

“Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas sabemos que no futuro teremos que ter um ministério da agricultura com maior peso político, comprometido com o desenvolvimento e crescimento do país e com uma estratégia claramente definida. A agricultura precisa de sinais claros de compromisso e envolvimento político, está na hora da pasta das florestas voltar a integrar o ministério da agricultura e de se rever a extinção das direções regionais”.

Deste modo, a ideia será reaproximar os agricultores do poder político, é imperativo envolvê-los no processo de mudança. A agricultura é feita pelo agricultor, porém apenas com as políticas realistas, ajustadas às reais necessidades dos agricultores e alinhadas numa visão estratégica a longo prazo é que teremos um setor mais competitivo.

“Se é verdade que os agricultores são fortes, determinados, resistentes e resilientes também é verdade que sem uma comissão europeia que os ajude e um ministério da agricultura conhecedor dos desafios dos portugueses continuamos à deriva e a perder competitividade”.


Fonte: Revista Voz do Campo, Edição de março 2024